O domingo está acabando e o coração fica apertado porque amanhã é 2ª feira e a semana irá começar como sempre. Reuniões de trabalho que parecem sem sentido, atividades desalinhadas com o propósito da área ou companhia, além da sensação de estagnação profissional. Cada vez mais as empresas deixam seus colaboradores mais sobrecarregados, os gestores cobram por resultados, sem uma preocupação legítima com o desenvolvimento de suas equipes. Líderes que não se posicionam ao serem questionados pelas prioridades, e quando cobrados, informam somente que não entregaram em função de seus colaboradores. Os relacionamentos corporativos vivem uma linha tênue entre os aspectos políticos e a falsidade das relações, o nível de maturidade e os conflitos de interesse fazem com que as pessoas cada vez mais tornem as relações profissionais superficiais.
O papel profissional em nossa sociedade dita as regras e influencia-nos em outros papéis que exercemos, ao refletir sobre isso e muitas pessoas falam que a vida pessoal e a familiar são tão importantes quanto, por que nos dedicamos mais a uma empresa onde vendemos o nosso trabalho e tempo em troca de um salário? Passamos mais da metade da nossa vida convivendo com pessoas, gestores, culturas e valores organizacionais que não nos identificamos e quando completamos certa idade passamos a refletir o que fizemos do nosso tempo e qual o impacto que deixamos para a sociedade e passamos a nos preocupar também com a qualidade das nossas relações.
A felicidade e o sucesso profissional vão muito além do reconhecimento financeiro ou estabilidade profissional, abrangendo um espectro mais amplo. Eles fazem parte de uma simbiose balanceada entre a vida pessoal, profissional, reconhecimento financeiro e o seu legado para as próximas gerações. Você deve estar se perguntando, concordo com o que está dizendo, porém vivemos num país que desde que nascemos está em crise. Em abril de 2018 o IBGE apontou que existem 13,1% de desempregados no Brasil, o que representa 13,7 milhões de profissionais em busca de uma recolocação.
Você deve concordar, mas o problema permanece: Como mudar essa situação em um país em constante crise econômica, social e política?
Antes de tudo, a preocupação em pagar as dívidas no início do mês é legítima e não pode ser deixada de lado. Mesmo assim, muitos estão preocupados com essa rotina e deixam de lado a satisfação pessoal no exercício de um trabalho e focam a sua atenção somente nos aspectos financeiros. As perguntas que devem estar lhe incomodando sem resposta são: “Consigo ganhar dinheiro e ser feliz no trabalho? ”, “Não sei qual é a minha verdadeira vocação, como vou saber qual trabalho me dará satisfação? Como vou saber qual é o meu propósito”, “Já tenho uma profissão consolidada, responsabilidades financeiras com minha família, não posso recomeçar do zero ganhando pouco como se tivesse acabado de me formar ou entrar no mercado de trabalho, o que devo fazer?” Questões como essas possivelmente já passaram na mente da maioria das pessoas e para poder respondê-las será necessário apresentar alguns conceitos:
– Profissão: “É aquilo que estudamos e nos preparamos para executar.”
Ex: Um psicólogo organizacional estuda psicologia e se especializa na área organizacional.
– Carreira: “É a estrada que se deseja seguir, o estilo de vida e tipo de atuação que se deseja ter”.
Ex: Se um psicólogo organizacional decide que o caminho que irá trilhar é a carreira corporativa porque quer ajudar as empresas crescerem a partir do desenvolvimento do capital humano ele irá trabalhar em uma empresa. Se o objetivo dele é formar outros psicólogos para trabalharem em empresas, ele irá seguir a carreira acadêmica e poderá ser um professor, por exemplo.
– Vocação Profissional: “é formada por um conjunto de aptidões naturais, como também interesses específicos do indivíduo que o direcionam na escolha de uma profissão”.
– Propósito: Grande vontade de realizar ou de alcançar alguma coisa. O que se quer alcançar; aquilo que se busca atingir.As pessoas acreditam que para escolherem uma profissão e serem felizes na carreira é essencial que descubram a sua verdadeira “vocação”, como se esta fosse um dom natural que nos foi concedido. Este conceito descarta a possibilidade do indivíduo se desenvolver a partir de suas experiências para construir sua carreira, as pessoas deixam de ser protagonistas e terem uma condição ativa em função de uma ilusão que já nasceram ou estão destinados a uma profissão. Como colocam Emmanuelle e Cappelletti: […] a crença na existência tangível de uma vocação oferece resguardo ante a insegurança que gera a busca de um lugar e uma posição a ocupar no futuro, em um mundo supostamente adulto, cuja cultura regula a produção de bens mediante a aparência de uma eficiente distribuição do trabalho. (2001, p. 48)
Trabalhar com propósito é se sentir feliz enquanto realiza as suas tarefas. É quando percebemos que o nosso trabalho está alinhado a nossas necessidades. E para saber o que nos inspira Maslow com sua teoria nos ajuda a determinar as nossas necessidades e para lhe ajudar neste trabalho eu deixo aqui um exercício (aqui no link você encontra varias versões da pirâmide disponíveis na internet para te ajudar com o exercício):
Descreva os seus níveis de necessidades em cada nível da pirâmide;
Acima da pirâmide, escreva uma de suas maiores metas ou sonhos;
Identifique na pirâmide, começando do primeiro nível, todas as necessidades que seriam supridas ao atingir esses objetivos;
Quais dessas necessidades são mais importantes para você? E por que?